normalizamos tanto o ChatGPT que esquecemos de pensar
reflexão sobre a facilidade sedutora da IA, o risco de desligar o córtex pré-frontal e dicas pra usar a inteligência artificial de forma consciente — inclusive pra quem vive com ansiedade ou autismo.
Você já percebeu como está cada vez mais fácil não pensar?
É só abrir um aplicativo, digitar uma pergunta e pronto: em segundos, temos respostas prontas, textos inteiros, ideias mastigadas. Essa é a facilidade sedutora da IA — e ela realmente facilita. Mas será que, nessa comodidade, a gente não está deixando de lado algo essencial?
O que acontece quando trocamos o esforço mental pelo caminho mais curto? Quando preferimos o pronto ao processo? Essa reflexão importa mais do que parece — porque não é só sobre tecnologia: é sobre a gente, sobre como pensamos, criamos e existimos.
Duração de leitura: 5 min 30 segundos
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pensar dá trabalho e estamos fugindo disso
A verdade é que pensar cansa. Formular ideias, buscar referências, conectar tudo de forma coerente: isso exige tempo e energia mental. É justamente aí que entra a sedução da inteligência artificial — ela oferece respostas instantâneas, sem esforço, quase como um atalho para parecer criativo ou produtivo.
Mas tem algo importante acontecendo nos bastidores: quando terceirizamos demais esse processo, deixamos de usar uma parte essencial do cérebro, o córtex pré-frontal, responsável por planejar, tomar decisões, resolver problemas complexos e exercitar o pensamento crítico. É como se, aos poucos, fôssemos deixando essa região “enferrujar”, trocando a construção profunda pelo consumo superficial.
O resultado? Textos prontos que soam vazios, opiniões copiadas que não têm raiz e aquela estranha sensação de que está faltando algo — mesmo quando temos todas as respostas ao alcance de um clique.
a inteligência artificial não é uma vilã
O problema não está na IA em si, mas em como a gente escolhe usar. Ela pode ser incrível pra organizar ideias, pesquisar rápido, criar roteiros e desbloquear a criatividade. Só que, se a gente só copia e cola o que ela entrega, deixa de colocar o nosso olhar, a nossa história e a nossa crítica no que faz.
A IA não tem vivências, memórias ou intuições. Ela não sente medo, dúvida, amor ou raiva — coisas que transformam ideias em algo realmente vivo. É aí que entra a diferença: usar a IA como parceira, não como substituta. Fazer dela um ponto de partida, nunca o ponto final.
Eu mesma uso inteligência artificial. Amo viver na era em que ela existe: é como ter uma ajudante que está sempre disponível. Nos estudos, por exemplo, peço pra criar mapas mentais, explicar termos difíceis de um jeito simples, até transformar resumos em podcasts que posso ouvir quando tô sem tempo de ler. Tudo isso me faz aprender mais rápido e ser muito mais produtiva.
No dia a dia, ela também facilita coisas pequenas: responder mensagens, gerar ideias, organizar tarefas… Enfim, em várias áreas da minha vida, a IA virou uma parceira que me poupa tempo e energia.
Mas percebi algo importante: usar inteligência artificial não significa deixar ela pensar por mim. É diferente usar como apoio do que terceirizar todo o raciocínio. No final do texto, vou compartilhar um guia prático de como aproveitar a IA sem perder o senso crítico (nem deixar o cérebro preguiçoso).
obrigada por ler the messy letters! uma newsletter sobre a vida e seus 20 poucos anos, contemporaneidade, psicologia, e outras coisinhas paralelas — escrita por uma mulher de 20 anos que está tentando entender um pouco da vida ♡
a IA vai nos substituir nas áreas de atuação?
A verdade é que a inteligência artificial já está substituindo várias funções — e isso deve crescer ainda mais. Mas a IA não vai substituir quem aprende a trabalhar com ela, quem entende como transformar a tecnologia em aliada.
Importante dizer: não estou dizendo que todas as profissões vão sumir (esse assunto rende outro texto inteiro!) porém é curioso perceber que, muitas vezes, quem mais critica e tem medo da IA são justamente as pessoas que correm mais risco de ficar pra trás: porque não aprendem a usar, explorar e inovar com ela.
O Tony Stark não deixa a Jarvis pensar por ele: ele cria, projeta, tem ideias — e usa a IA pra facilitar, construir mais rápido, organizar. É isso que faz dele o Tony Stark, e não só “mais um cara com um assistente virtual”.
A IA não precisa ser vista como inimiga. Quando a gente abraça essa parceria, abre espaço pra crescer, criar melhor e até reinventar o que faz.
guia prático de como usar a IA sem ficar burro ✨
♡ Use como ponto de partida, não para fazer tudo!!
Antes de perguntar direto, tente formular sua própria ideia. Depois, leia a resposta da IA e reflita: faz sentido pra mim? Concordo? O que posso acrescentar?
♡ Faça perguntas melhores.
Ao invés de pedir “escreve pra mim”, pergunte: “me ajuda a estruturar?”, “quais argumentos posso explorar?”. Assim você continua no controle do conteúdo. Eu faço isso toda vez que me surge uma nova ideia de texto, por conta da ansiedade generalizada, eu fico muito eufórica quando tenho uma nova ideia e eu não consigo controlar a minha cabeça e no meio disso tudo vai surgindo mais ideias e trechos para eu escrever e isso me sobrecarrega, MUITO, então eu entro na inteligência artificial e falo tudo para ela e ela me ajuda a organizar meus pensamentos.
♡ Para quem tem ansiedade:
A IA pode ajudar a organizar rotinas, lembrar compromissos, criar checklists e até escrever desabafos que depois você revisa. Isso reduz a sobrecarga mental.
♡ Para quem está no espectro autista:
Pessoas autistas já usam a IA pra se regular emocionalmente: simulando conversas difíceis, treinando scripts sociais ou resumindo conteúdos longos em tópicos fáceis de ler.
♡ Pra quem faz terapia:
A IA pode ajudar a registrar sentimentos entre as sessões, organizar insights que surgem ao longo da semana, escrever cartas que talvez você nem envie, mas que te ajudam a elaborar emoções.
No fim, a inteligência artificial não precisa substituir: ela existe pra potencializar quem somos — sem apagar o que temos de mais único. Vou trazer um texto apenas com essas dicas, pois tenho muito mais!!
Agora me conta: como você tem usado a inteligência artificial no seu dia a dia?
Fim :)
SIMMMM!!! Eu já escrevi um post sobre isso!
O nome é "porque não tenho opinião?"
https://open.substack.com/pub/oartigodasoso1/p/porque-nao-tenho-opiniao?utm_source=share&utm_medium=android&r=5j6zid
E sabe? A gente se perde demais nessas IA... parece só uma ferramentazinha que a gente começa a usar e depois vai ver e... já tá até desabafando e fazendo seção TERAPIA 🫠🫠🫠 (experiência propria)
Achei que você foi cirúrgica no seu posicionamento, olhar a IA como uma vilã, coloca a humanidade em um lugar de vitimismo que não existe, tendo em vista que o robô é controlável, só precisamos também controlar a nossa vontade insana de querer tudo mastigado kkkkk