eu sou a saudade de algo que não posso voltar a ter
às vezes, a saudade é como uma melodia distante, algo que sabemos que existiu, mas não conseguimos mais tocar. um lugar que nunca soubemos onde fica, mas que nos chama de volta.
Às vezes, sinto uma saudade estranha. Não é de algo que eu saiba o que é, mas é de uma sensação, uma leveza que parecia ter em algum lugar, algum tempo. É uma saudade vaga, que não sei explicar, mas que, de alguma forma, sinto todos os dias.
onde está essa leveza? que saudade é essa?
Posso me arriscar em dizer que essa sensação de leveza que eu tanto sinto falta e muitas vezes busco, se encontra na infância.
Naquela época, tudo era simples, e o mundo não precisava fazer sentido, e ainda assim, tudo parecia encaixar. Era leve porque eu não carregava o peso de entender — só sentia. O agora não existia como urgência, e o futuro não me assustava.
Eu apenas estava. E isso bastava.
Talvez a leveza morasse na forma como eu via as coisas. Em brincar com o vento, rir do nada, inventar mundos embaixo da mesa da sala, tudo era inteiro, tudo era presente. E agora, o presente parece sempre querer ser outra coisa.
a leveza era não precisar ser alguém
A leveza, talvez, morasse mesmo ali: quando eu ainda não precisava ser alguém.
Quando minha existência não era medida por conquistas, validações ou relevância.
Quando ninguém me perguntava o que eu queria ser no futuro — porque ser, por si só, já bastava.
Eu não me cobrava um propósito, não me comparava com ninguém e não tentava me encaixar, eu apenas era…sem roteiro, sem meta, sem estética. E era justamente isso que fazia tudo ser tão leve.
Hoje, sinto que o mundo inteiro espera algo de mim, como se eu tivesse que justificar a minha presença o tempo todo. Crescer virou performance e a leveza se perdeu em algum lugar entre o “seja produtiva” e o “você poderia estar fazendo mais.
obrigada por ler the messy letters! uma newsletter sobre a vida e seus 20 poucos anos, contemporaneidade, psicologia, e outras coisinhas paralelas — escrita por uma mulher de 20 anos que está tentando entender um pouco da vida ♡
o tempo que se escapa entre os dedos
O tempo nunca pergunta se estamos prontos para ele. Ele avança sem pedir licença, e antes que você perceba, ele roubou momentos preciosos, levou pessoas e, talvez, até pedaços de quem você era. Crescer não é apenas ganhar experiência, é perder também. O tempo não avisa que ele vai tirar a leveza da sua vida, ou que aquela fase tão boa vai passar, sem retorno. No entanto, o que fica são as memórias de um tempo que, de alguma forma, continua a viver dentro de nós.
Quando o tempo passa sem aviso, ele deixa para trás uma espécie de "eco" — lembranças, saudades, coisas que não podemos mais alcançar. Isso gera o conflito emocional de querer estar no passado, mas não poder. O tempo se torna, assim, um guardião de nossas memórias, que muitas vezes queremos resgatar, mas não conseguimos.
entre a saudade e o medo do futuro
Viver entre a saudade e o medo do futuro é como estar entre dois mundos: um que já foi e outro que ainda não existe. A saudade nos manda no passado, enquanto o medo do futuro nos coloca em alerta, prontos para qualquer coisa. Mas, muitas vezes, esquecemos que o presente é o único lugar onde temos controle.
É no agora que podemos moldar nossas escolhas, onde podemos criar novas memórias e novos sonhos. O passado e o futuro não existem sem o presente. É como se estivéssemos constantemente em uma encruzilhada, tentando encontrar o equilíbrio entre o que foi e o que virá, sem perceber que o momento atual é tudo o que temos para fazer a diferença.
aceitar o agora e seguir em frente…
Entre a saudade e o medo do futuro, existe o presente, o único espaço onde temos a liberdade de fazer escolhas. O passado já se foi, o futuro ainda é um enigma, mas o agora é onde podemos agir, aprender e transformar.
O importante é saber que, apesar de todas as incertezas e arrependimentos, o presente é sempre a nossa maior oportunidade para criar novos caminhos e construir o futuro que desejamos.
Fim :)
Isso tá sensacional, a linha de raciocínio única
"porque ser, por si só, já bastava" nossa, isso me pegou muito agora